O mercado brasileiro de franquias só não cresce mais devido à dificuldade de se encontrar pontos cujos alugueis comprometam apenas 6% das vendas da loja. Hoje, essa dívida já atinge o patamar de 10% entre as 93.098 licenças existentes no Brasil. “Quando essa taxa atinge 12%, o negócio fica praticamente inviável”, alerta Ricardo Camargo, diretor executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF), que acaba de divulgar a performance do setor em 2011.
Mesmo diante da supervalorização imobiliária, o segmento faturou R$ 88,8 bilhões no ano, alta de 16,9%, o que equivale a uma representatividade de 2,3% do PIB nacional. O resultado, que supera a projeção de 15% inicialmente calculada para o ano, embute o aumento de 9,5% no número de redes em operação no Brasil, o acréscimo de 7,8% em volume de unidades, entre franqueadas e lojas próprias, e a abertura de 60,5 mil postos de trabalho.
Somente as microfranquias, negócios com aporte inicial da ordem de R$ 50 mil, pularam de 213 em 2010 para 336 em 2011, alcançando um faturamento de R$ 3,7 bilhões, o equivalente a 17% do setor. A quantidade de marcas exportadas também subiu, de 78 para as atuais 90 grifes, encontradas num total de 58 países, com destaque para as áreas de alimentação, esporte, saúde, beleza e lazer, em Portugal e nos Estados Unidos. Para 2012, a expectativa é crescer 15% em faturamento, 8% em novas redes, 9% em abertura de novas unidades e gerar 75.410 empregos, considerando uma inflação na casa dos 4,5% e um aumento de 3% do PIB.
Os campeões
A área de hotelaria e turismo lidera o ranking de expansão em faturamento, com um avanço de 85,9%, puxado especialmente pela TAM Viagens, que inaugurou 115 operações em 2011. Com 35% de acréscimo, o segundo lugar é do segmento de móveis, decoração e presentes, com destaque para a atuação da Dicico, primeira loja de material de construção brasileira a operar por meio do sistema de franquias.
Em seguida, vem a área de esporte, saúde, beleza e lazer, que teve o seu aumento de 24,3% gerado principalmente pelas vendas das redes O Boticário, Água de Cheiro, Óticas Carol e Diniz. O quarto maior crescimento, de 14,9%, foi verificado na área de negócios, serviços e outros varejos, alavancada por marcas como Dia, único supermercado a operar por franquias em todo o mundo, além da rede de conveniência AM/PM e BR Mania.
Em quinto lugar, aparece a área de alimentação que, apesar de registrar um aumento de 14,5%, ainda é o principal segmento do mercado brasileiro de franquias, com quase 20% de representatividade. O impulso veio dos iogurtes e sorvetes, além dos sanduíches da Subway e Bob´s, as refeições do Spoletto e Giraffas e dos chocolates da Cacau Show e da Brasil Cacau, esta última controlada pelo grupo CRM, dono também da grife Kopenhagen.
Na sequência, estão os segmentos de acessórios pessoais e calçados (13,15%), limpeza e conservação (12,5%), veículos (11,4%), informática e eletrônicos (9,8%), educação e treinamento (7,9%), vestuário (7,4%) e fotos, gráficas e sinalização (5,9%).
Já no ranking das marcas, o primeiro lugar permanece com O Boticário, seguido pelo McDonald´s, Dia, colchões Ortobon, Habib´s, Localiza, Shell, Bob´s, Fita Câmbio e Turismo e AM/PM. A região Sudeste concentra 70% dessas redes atualmente, com ênfase para São Paulo, onde estão instaladas 51,1% das franquias em operação. Mas, segundo Ricardo Camargo, a previsão é que as marcas se movimentem cada vez mais rumo ao interior dos Estados, uma das mais fortes tendências do setor de franquias nos próximos anos, considerando tanto as lojas de rua como em shopping centers.
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