Entrevistamos Eugênio Mohallem, que nos contou um pouquinho sobre sua vida e seu trabalho de uma forma super descontraída.
Confira:
VC4 - Como
você começou a escrever?
Eugênio - Desde o Ginásio. O Professor de Português
estimulava e premiava as melhores redações, conseguindo que fossem
publicada no jornal semanal da cidade (era uma cidade pequena). Tomei gosto e
passei a colaborar com jornais locais de vez em quando, desde os 12
anos.
VC4 - Como você começou sua trajetória profissional? Conte-nos um
pouco de sua história.
Eugênio - Comecei como redator numa house agency
da Editora Abril. Em seguida fui para a Lintas Worldwide (Atual Borghi Lowe).
Depois DM9 ( atual DM9éDDB), Talent e AlmapBDDO, onde passei a diretor de
Criação. Depois parti para minhas próprias agências, Fallon São
Paulo (em sociedade com a Fallon Worldwide), Mohallem Meirelles, Mohallem
Artplan. Essa fase de criativo-empresário teve lá suas alegrias, mas era muita
encheção de saco e engolição de sapo. Daí, voltei às origens e estou
há dois anos na criação da Young & Rubican.
VC4 - Como
funciona o seu processo criativo?
Eugênio - Vou escrevendo sem filtro, sem censura e sem
pressa de formular nada. Depois leio, edito e dou acabamento.
VC4 - O
que te inspira para criar?
Eugênio - Observar pessoas e principalmente a mim
mesmo. Acredito que, no que é mais básico, os seres humanos são iguais. O
que vale para mim vale para os outros.
VC4 - Quando
a inspiração não vem, o que fazer?
Eugênio - Citando Millôr: “Inspiração é ferramenta de
amador". O profissional não pode depender dela. Simplesmente vou
tentando até achar que ficou bom ou meu prazo acabar.
VC4 - Quais profissionais lhe influenciaram no decorrer de sua
carreira?
Eugênio - Os Bam-bam-bans na época em que comecei:
Sylvio Lima, Washington Olivetto, Nizan Guanaes. Num segundo momento,
Luiz Toledo, Ruy Lindemberg, Alexandre Gama, Mauro Perez (este, um diretor de arte), Marcello
Serpa (este também) e Fabio Fernandes.
VC4 - Quais
atributos você considera essenciais em um redator?
Eugênio - Ler muito, pensar muito, e não se esquecer do
que esta profissão realmente trata, que é advogar para produtos, serviços e
marcas.
VC4 - Por que
você decidiu trabalhar com propaganda?
Eugênio - A ideia original era ser jornalista, fui
profundamente influenciado pelo filme "Todos os Homens do Presidente"
(em que jornalistas do Washington Post revelam o escândalo de Wartergate, que
culminaria com a renúncia de Nixon). Mas os meus textos eram ácidos, a ditadura
militar ainda metia medo e meu pai estava sempre no meu pé, receoso de que os
Hômi me levassem e dessem sumiço. Assim, comecei a cogitar algo parecido,
que me permitisse escrever sem tanta - literalmente - patrulha , e me
bandeei para a Publicidade. Hoje não tenho dúvida de que escolhi a profissão
certa para mim – até porque a publicidade mente muito menos do que o
jornalismo.
VC4 - O
que te inspira no mercado da propaganda?
Eugênio - Cuma? Nada. O mercado anda chatíssimo e deturpado.
VC4 - Qual
o segredo do sucesso em publicidade?
Eugênio - Não faço a menor ideia. Além de muita gente boa
que merece ter chegado onde chegou, vejo picaretas se dando muito bem,
agências ruins tomando clientes das boas, tem de tudo nesse meio.
VC4 - Como
os redatores devem preparar-se para trabalhar com novas mídias?
Eugênio - Midia é apenas o carteiro. O que importa é a
carta. As ditas novas mídias ( nem são tão novas assim) ainda não me convenceram como formato publicitário
profissional. Terão lugar de peso na propaganda um dia, mas por
enquanto são como aquele ventilador sem pás da marca Dyson: fazem muito vento,
mas não têm nada no meio.
VC4 - O
que você acha dos cursos de comunicação e propaganda oferecidos no país? Quais
são os prós e contras?
Eugênio - Na
minha época, escola de comunicação não ensinava quase nada (é mesmo uma
profissão difícil de ensinar) mas pelo menos não atrapalhava. As de hoje
deformam os futuros profissionais, estragam os caras desde o começo: focam em anúncios "do tipo Cannes” - além do
deslumbramento excessivo – pela desimportância econômica que têm
- com mobile advertising, aplicativos,“ações”, etc. Pegue o
dinheiro que você gastaria com escolas de comunicação e torre tudo em Paletas
Mexicanas sabor melancia. Terá sido melhor gasto.
VC4 - Queremos
conhecer um pouco mais sobre você. Conte-nos sobre suas músicas, filmes e
livros favoritos.
Eugênio - Não sou um ouvinte ou leitor sofisticado, pelo
contrário. Gosto de Heavy Metal, Romances Policiais, Filmes de Sci FI e
terror. Tenho muita preguiça com livros de Não-ficção, tendo a largá-los
pela metade ou menos.
VC4 - De
qual trabalho seu você sente mais orgulho?
Eugênio - Pela
repercussão internacional, o filme Double Check, para Volkswagen. Anúncios,
gosto de vários. Acho que no meu site tem mais de 300 que
posso dizer que gosto, razão pela qual fica difícil elencar alguns aqui.
Também tenho meus xodós em Rádio.
Mas não sei se a palavra certa é orgulho. Acho
que é satisfação, realização pessoal, sei lá. Um gostinho bom.
VC4 - Que
recado você gostaria de dar à nova geração publicitária?
Eugênio - Que
a nova geração seja, não apenas uma nova geração, mas publicitária. Que
não se esqueça que o valor de nosso trabalho está em fazer alguém investir uma
pequena fortuna numa campanha – e esta campanha gerar fortunas ainda maiores
para quem acreditou nela. Somos catalisadores da economia. Isso dito, nosso
foco como mídia são as de massa. Nosso foco como produto são os que
custam dinheiro e podem ser vendidos e comprados. A geração atual só se
interessa pelos penduricalhos da profissão: campanhas mobile, ações para três
gatos pingados assistirem, aplicativos e campanhas bom-mocistas, do tipo “
salvem as baleias”. Só que nada disso movimenta a economia,
nada disso nos torna importantes para o anunciante. E quase nada disso é
realmente propaganda. São, no máximos, gatilhos deflagradores para ações de
P.R.
Acesso site e saiba um pouco mais sobre Eugênio: http://www.eugeniomohallem.com.br/
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